O que é Dor Pélvica?

É um desconforto ou sensação ruim que ocorre na parte inferior do tronco, quadril, região abaixo do abdômen ou “pé da barriga” e entre os ossos dos quadris. Não inclui dor que ocorre no exterior da região genital, tanto vulva, nas mulheres ou glande e corpo do pênis em homens.

É caracterizado como um sintoma, ou seja, decorrente de alguma alteração. Acomete mais mulheres do que homens, aproximadamente 70 a 30 % respectivamente e possui tratamento difícil, pois inúmeras causas podem levar a dor pélvica.

A dor pélvica pode ser um sintoma ginecológico, urológico ou proctológico, sendo assim, qualquer distúrbio que afeta o sistema reprodutor feminino, masculino ou excretor, poderá resultar em dor pélvica.

Essa dor pode ocorrer de forma aguda ou do tipo cólica (como as cólicas menstruais), podendo oscilar tanto em frequência e intensidade. Regularmente, a dor pélvica ocorre em ciclos coordenados com o ciclo menstrual ou até mesmo durante a atividade sexual. Segundo a literatura, as mulheres relatam piora nos períodos ovulatórios.

Em alguns casos, a região pélvica pode ficar sensível ao toque. Na mulher conforme a causa, o sangramento e secreção vaginal poderão estar presentes. Em ambos essa dor poderá vir acompanhada de vômitos, febre, náusea, sudorese e/ou tonturas.

Causas

Geralmente, a dor pélvica não é causada por um distúrbio grave, mais afeta diretamente a qualidade de vida do paciente.

Nas mulheres relaciona-se com o ciclo menstrual, já nos homens, distúrbios relacionados à próstata, sendo essas causas nem sempre frequente, outra causa mais aparente é a peritonite, que é a inflamação da cavidade abdominal também causadora de bastante dor.

Dentre os distúrbios mais comuns estão os:

Distúrbios ginecológicos, ou seja, aqueles que afetam os órgãos reprodutores como a vagina, colo do útero, útero, trompas de Falópio e ovários, que geram cólicas menstruais (dismenorréia), mittelschmerz (dor no meio do ciclo, ou seja, durante a ovulação), endometriose, vaginismo, aderências, hérnias, miomas, gravidez ectópica, torção anexial (torção de um ovário), cânceres, ITU (infecção urinária), ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e etc…

Distúrbios urológicos como prostatite, cânceres de próstata, aderência e/ou estenose uretral, pubalgias, tendinites de musculaturas pélvicas, torção testicular, neuropatias e etc…

Distúrbios que afetam outros órgãos na pelve, como Doença de Crohn, colite ulcerativa, diverticulite, fissuras, contrações paradoxal de anus, denervações dos nervos, constipação, hemorróidas, apêndicite, gastroenterite, câncer de cólon, cistite, litíase renal e etc…

Alem dos problemas físicos mencionados, as causas também podem ser de cunho psicológico, como estresse, depressão, histórico de abuso tanto físico e sexual.

Como informado anteriormente, essas são algumas das hipóteses que poderão gerar a dor pélvica e devido a essa pluralidade de fatores, o diagnóstico médico se torna extremamente difícil, portanto, a ajuda especializada e o trabalho multidisciplinar, é de suma importância.

Diagnóstico

O profissional responsável possui uma gama de recursos para tentar identificar a causa das dores, a avaliação física é o principal pilar no diagnóstico, é onde o responsável pelo tratamento consegue pontuar a intensidade da dor, localização, se há irradiação, apoiado em vários recursos, dentre eles o exame de toque, além da inspeção, onde pode-se observar a dinâmica da estrutura após alguns estímulos.

Exames de coleta de material também são importantes como exame de urina e urocultura, Toque vaginal, Exame especular, Exame clínico das mamas, Papanicolau, Colposcopia, Vulvocospia, Videocolposcopia.

Na maioria dos casos, exames de imagem também são solicitados, como Ressonância magnética, colonoscopia, Ultrassom, tomografia, videolaparoscopia, Urodinâmico e até eletroneuromiografia de assoalho pélvico.

Tratamento

Caso o distúrbio que causa a dor pélvica seja identificado, realiza-se o tratamento, tanto de forma interventiva, como os procedimentos cirúrgicos, como o tratamento conservador, tanto medicamentoso e fisioterapêutico.

Vale lembrar, que no caso dos procedimentos cirúrgicos, o grande fator pós operatório, é a fibrose, que tem como coadjuvante a aderência, que também gera dor pélvica.

Analgésicos se mostram eficazes para redução da dor, porem sempre que o uso do mesmo esta presente, lembrando que algumas drogas geram efeitos colaterais.

Já o tratamento fisioterapêutico, tem se mostrado muito eficaz quando acompanhado de outras técnicas, dependendo do diagnóstico do paciente. Salientando que disfunção é algo que limita a função da estrutura, sendo assim, os treinamentos através de algumas técnicas, dentre elas o biofeedback, visam estabelecer e melhorar função da estrutura.

A percepção e o ajuste sensitivo acabam melhorando o relato do paciente, auxiliando-o distinguir melhor o que sente ajudando muito o médico a identificar as causas.

Além do que, quanto maior a precisão sensitiva e melhora coordenativa, a instalação e permanência da lesão se tornam mais difíceis, reduzindo tempo de latência e frequência dessa dor.

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